Câmara aprova projeto de lei que regulamenta uso de tecnologia de Inteligência Artificial no país


Câmara aprova projeto de lei que regulamenta uso de tecnologia de Inteligência Artificial no país


Por Lorena Pretti Serraglio, Anna Beatriz Medeiros do Nascimento e Gabriela Soares Mussalam

A Câmara dos Deputados aprovou na última quarta-feira (29) o PL 21/2020, que estabelece as diretrizes e deveres para o uso e desenvolvimento da tecnologia de Inteligência Artificial no país, dentre outras providências. 

O texto base apresentado pelo deputado Eduardo Bismarck (PDT-CE), foi aprovado em Plenário da Câmara por 413 votos a 15, de relatoria da deputada Luísa Canziani (PTB-PR). O projeto contém 14 artigos ao todo, e traz os conceitos básicos utilizados no ambiente da tecnologia de Inteligência Artificial, além dos fundamentos para uso da referida tecnologia e seus objetivos. 

O projeto surgiu diante da necessidade de se elaborar uma legislação especifica acerca do uso da tecnologia de IA tendo em vista que o Brasil é um dos 42 países signatários do documento elaborado pela OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), que anuncia os princípios para o desenvolvimento de inteligência artificial no mundo. Além disto, o projeto busca acompanhar a expansão da IA no mercado de trabalho, com o objetivo principal de adotar a tecnologia para desenvolvimento de “pesquisa e inovação, aumentar a produtividade, contribuir para uma atividade econômica sustentável e positiva, melhorar o bem-estar das pessoas e ajudar a responder aos principais desafios globais”, conforme texto original do projeto. 

Dentre os deveres dos entes públicos, destacam-se o dever de estimular a criação de mecanismos de governança transparentes e colaborativos com participação de representantes de setores diversos como ANVISA e ANAC; promoção da cooperação internacional e negociação de tratados, acordos e padrões tecnológicos globais a fim de facilitar a interoperabilidade entre sistemas de harmonização das legislações que versam sobre a matéria e estimular a adoção de instrumentos regulatórios que promovam a inovação. 

O PL 21/2020 partilha dos mesmos princípios estabelecidos na Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), com inclusão do princípio da centralidade no ser humano, isto é, no respeito à dignidade humana, à privacidade e à proteção de dados pessoais e aos direitos trabalhistas. Os princípios do uso da IA estão elencados no artigo 6º do texto do projeto, e incluem (i) finalidade; (ii) centralidade no ser humano; (iii) não discriminação, (iv) transparência e explicabilidade; (v) segurança, e (vi) responsabilização e prestação de contas.

A relatora do projeto na Câmara afirmou que a principal inspiração para as modificações em relação à regulamentação da tecnologia se dá pela proposta em tramitação no Parlamento Europeu e no Conselho da Europa para a criação de uma nova legislação a respeito da Inteligência Artificial. "Procuramos orientar a futura atividade regulatória nesse campo de modo a não inibir o desenvolvimento tecnológico, mas resguardando os cidadãos brasileiros de eventuais riscos”, declarou a relatora. 

O texto base do projeto segue para apreciação do Senado.