Azevedo Sette: ser um ativo de seus clientes é lei


Azevedo Sette: ser um ativo de seus clientes é lei


A gestão de patrimônio e fidelização de empresas são prioridades no escritório fundado em Belo Horizonte

Por Gabriela Freire Valente

Prestes a completar 50 anos, o Azevedo Sette Advogados quer se posicionar no mercado como o escritório que estabelece relações tão longevas quanto suas próprias atividades. Nascido em Belo Horizonte em novembro de 1967, a banca está presente em sete capitais brasileiras e tem a gestão de patrimônio (wealth management) como a menina dos olhos de seu sócio fundador. “Temos clientes com mais de 40 anos e esse é o nosso objetivo. Você tem de ser um ativo da empresa”, orgulha-se Ordélio Azevedo Sette.

Com uma cartela de clientes formada por membros dos mais diversos setores da economia, as empresas familiares recebem uma atenção especial dos 285 advogados que trabalham no escritório full service. Dos 32 sócios da casa, 12 atuam em operações de M&A.

O segmento é descrito por Ordélio Azevedo Sette como um dos mais desafiadores, por demandar multidisciplinaridade e inteligência emocional dos profissionais. “O advogado que não conhece o ambiente de negócio e que não conhece a empresa para quem está trabalhando tem muita dificuldade”, observa. “E M&A envolve muito o psicológico. Se você vai vender uma empresa familiar, um negócio criado pelo avô, você está vendendo a família, vai se deparar com conflitos internos”.

M&A no Azevedo Sette

O fundador do escritório recorda que, há 50 anos, os advogados no Brasil eram grandes generalistas e que o mercado demandou a especialização dos profissionais e a importação de práticas internacionais ao longo dos anos. “Quando eu voltei dos EUA, eu quis fazer em Belo Horizonte uma prática internacional da advocacia, mas o que tinha de internacional lá era só o de Porto Alegre, quando ia jogar com o Atlético [Mineiro]”, brinca. “Nós fomos pioneiros”.

O crescimento das atividades da banca na capital mineira e os constantes conflitos na carteira de clientes foram um dos fatores que levaram à expansão do negócio para outras cidades. Sua primeira filial foi aberta em São Paulo há cerca de 20 anos e os escritórios de Rio de Janeiro, Brasília, Recife, Goiânia e Vitória foram abertos em seguida.

O escritório realiza operações de M&A em paralelo à gestão de patrimônio desde a sua fundação, mas testemunhou um crescimento de 18% ao ano, em média, a partir de 2014. Nesse ano, a casa expandiu o quadro de profissionais de nível pleno e júnior. Um dos membros novos do Azevedo Sette é o advogado Rafael Bassoli, que compõe o recém-criado Italian Desk.

Nos últimos dois anos, o escritório figura entre os 10 que mais assessoram operações do tipo e é uma das referências em gestão de grandes patrimônios. Consolidado no mercado, a preocupação dos sócios do Azevedo Sette é oferecer um serviço de excelência nas áreas em que atua. “Os escritórios full service tem um problema que eles acabam sendo generalistas”, critica Ordélio Azevedo Sette. “Nós formamos especialistas em setores, como ambiental, infraestrutura, tecnologia”, exemplifica.

Cases emblemáticos

Entre os deals emblemáticos do escritório estão operações como a junção entre o BB Seguros Participações e o Grupo Mapfre — transação concluída em 2011 e que foi feita em 92 passos ao longo de dois anos, culminando na criação de uma seguradora avaliada na época em R$ 11 bilhões. “O desafio foi fazer com que um entendesse a cultura um do outro e chegar a um denominador comum”, conta Ordélio Azevedo Sette. “Esse foi um trabalho muito difícil por todo o planejamento da operação e, inclusive, as reuniões estratégicas”.

O fundador do Azevedo Sette, no entanto, se recorda que um caso de pequeno valor foi especialmente marcante por sua negociação. Sem revelar as partes envolvidas, ele relata que trabalhava na venda de uma empresa incialmente avaliada em US$ 10 milhões cujo comprador era um grupo dos Estados Unidos. “O americano veio direto do aeroporto, sentou-se na mesa e não se continha na cadeira ao ver a apresentação que preparamos”, lembra. “Ele bateu na mesa e disse ‘eu não vim aqui para ouvir essa baboseira, já conheço a empresa e não me venha com blá blá blá porque mais de US$15 milhões eu não pago de jeito nenhum”.

Diante da reação precipitada e desrespeitosa, o advogado usou a saia justa para negociar um valor quase duas vezes superior ao pedido inicialmente. “Voltei à sala e disse ‘o preço é US$ 20 milhões e o presidente só volta para a sala com o negócio aceito porque ele não quer ver a sua cara’. Aí, fechamos por US$ 19,5 milhões”, relata, aos risos.

Para o veterano do Azevedo Sette o caso é mais uma lição sobre a necessidade de o advogado suprimir todas as suas vaidades no momento da negociação. “Você não pode ser arrogante”, reitera.

Futuro de M&A no Brasil

Ordélio Azevedo Sette avalia que a prática do direito empresarial brasileiro se equipara ao visto na Europa e nos EUA. Assim como acontece no exterior, ele acredita que o mercado nacional passará a utilizar cada vez mais ferramentas tecnológicas para auxiliar o trabalho dos advogados. “Acho que a estrutura física dos grandes escritórios vai acabar e todo mundo vai trabalhar em home office com um ROSS do lado”, vislumbra, em referência ao robô advogado da IBM. “A evolução é essa; inteligência artificial e trabalho autônomo dos advogados”.

O Azevedo Sette investe no desenvolvimento de suas próprias ferramentas em parceria com empresas de tecnologia e as comercializam no mercado. “Já temos dois robôs trabalhando que usamos no contencioso e para cadastramento”, conta. “Mas a ferramenta não substitui o homem. Pode ser que, no futuro, a inteligência artificial chegue ao nível de escolher prioridades e coisas do tipo, mas sempre haverá um homem por trás disso”.

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